Hoje irrefutável e com infinitas conquistas no currículo, a história da Honda em corridas internacionais começou há 67 anos. E aqui pelo Brasil, acelerando em Interlagos. Mas tem mais.
A moto usada na pista acabou precisando ser vendida, foi perdida e depois a marca se desdobrou para recuperar a motocicleta histórica! Conheça este inacreditável episódio abaixo.
Se atualmente a Honda se apresenta como a lider de mercado no Brasil e referencia mundial em competições como a MotoGP e Fórmula 1, no passado era bem diferente. Aliás, é a líder isolada em títulos de construtores no Mundial de Motovelocidade, com 21.
Voltando ao distante ano de 1954, a fabricante ainda era novata quando chegou para sua primeira corrida de motos fora do Japão. Era um festival de velocidade durante o IV Centenário da cidade de São Paulo.
O modelo que veio para o Brasil foi a R125, primeira moto de competição a estampar a sigla R em alusão ao Racing das pistas. Foi definitivamente o primeiro modelo da marca a correr internacionalmente. Além disso, foi o encontro da Honda com o asfalto e tudo isso começou com um plano ousado no Japão.
O modelo Dream D foi a primeira Honda de produção em linha, nascida em 1949, equipada com motor monocilindro movido a dois tempos. A primeira materialização do “sonho” dos japoneses. Até então, a marca só produzia bicicletas motorizadas. Pouco tempo depois, veio a Dream E de 1951, com motorização do tipo quatro tempos, com 5,5 cv de potência.
No entanto, para as competições o quadro dos modelos D e E eram pesados e inadequados. A solução então foi construir um novo chassi tubular e adaptar o mais recente motor de 150 cm³. Foi realizada ainda uma redução do propulsor para 125 cc, para se adequar na categoria escolhida para a competição internacional.
Nascia então a R125, a primeira Racing da Honda! Era um modelo bastante rudimentar e com posição de pilotagem mais adequada ao fora de estrada, provas típicas da época. Herança das experiências da marca nas pistas de terra batida do Japão pós-guerra. Eram as únicas pistas que a fabricante conhecia até então.
A Honda fez sua primeira corrida internacional no Brasil em função de um convite da Federação Paulista de Motociclismo e do Departamento de Esportes do Estado para a Federação Japonesa. Além disso, parte das despesas com a corrida e logística seria coberta pelos promotores. Já pensando na futura visibilidade mundial e demais competições, a fábrica do fundador Soichiro Honda aceita a proposta.
O próprio Soichiro selecionou o jovem funcionário e piloto de testes Mikio Omura, de 21 anos, para guiar a R125. Toshiji Baba, recém formado com seus 23 anos, seria o acompanhante engenheiro e mecânico na aventura. No entanto, o prazo de inscrição foi perdido e os organizadores não puderam mais bancar todas as despesas de transporte.
Foi somente dividindo as despesas com outra marca japonesa de motocicletas, a Meguro (atualmente de propriedade da Kawasaki), que a participação começou a se tornar possível. De última hora, a organização acabou custeando o transporte do piloto, que seria reforçado ainda pela premiação de largada. Com orçamento apertadíssimo, os escolhidos rumaram então ao Brasil.
Atravessando o mundo, literalmente, a viagem de Tóquio a São Paulo foi com aviões a hélice e teve muitas escalas, demorando seis dias. Na mala estava a R125, despachada como uma bagagem afim de economizar dinheiro. Mas o zelo pela frágil e única moto era grande. Tanto que chegando aqui a colônia japonesa ajudou a dupla de competidores emprestando uma moto inglesa (AJS 250) para os treinos.
Chegando no autódromo paulista de Interlagos, a primeira grande surpresa do piloto japonês era a pista asfaltada. Mesmo em seu antigo traçado, o autódromo de alta velocidade pegou de surpresa o jovem acostumado as corridas de rua na terra do seu país natal.
Hoje parecesse inimaginável, mas no Japão ainda não existiam pistas daquele nível em 1954. Não surpresa, enquanto o pole position Nello Pagani – com a italiana F.B. Mondial – registrava o tempo de 4min41seg no traçado, Omura com a R125 cravava distantes 6min11seg.
No entanto, tamanho o desafio não impediu que o japonês se classificasse em 15º, entre os 25 concorrentes. E de maneira ainda mais surpreendente, ele cruzou a linha de chegada em 13º, com uma média de 115 km/h.
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Depois da participações, Omura e Baba com o orçamento estourado recorreram à Honda para poder angariar verba e retornar ao país. No entanto, não foi o suficiente. Com isso, a única solução foi vender a R125 para completar o dinheiro para a volta ao Japão.
Décadas depois está moto agora tem o status de relíquia. Porém, mesmo com um intenso trabalho de pesquisa da Honda no Brasil, com o apoio da matriz no Japão, não foi possível descobrir seu paradeiro.
Com isso, a fabricante resolveu criar uma réplica perfeita do modelo, baseada em fotos e demais materiais da época. Desde então a motocicleta está exposta no Honda Collection Hall, o museu da marca no complexo do circuito Twin Ring Motegi, que pode ser visitado virtualmente por aqui. Que história!
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