A versatilidade de Rita Vieira já é algo que ninguém questiona. Mas há algumas semanas, a portuense fez provavelmente a “transição” mais radical de sempre!
A “Ritinha” falou em exclusivo com o Offroad Moto sobre esta experiência única.
Sobre a participação no Hard Enduro da Lousã, a jovem contou-nos:
“Foi o primeiro Hard Enduro este ano..m
Eu adoro hard Enduro, é uma modalidade que me fascina pois consigo pôr em prática toda a minha técnica do trial que é a minha grande vantagem uma vez que tenho a perna curta e a força para empurrar também não é a maior. O meu objectivo é sempre passar em cima da mota pois eu sei que quando tenho que empurrar, aí estou em desvantagem.”
“A minha yamaha está preparada para Enduro. Para fazer Hard Enduro seria necessário perder algum tempo a prepara-la e não tivemos essa oportunidade, então decidi ir com a mota de trial.
Sinceramente foi mais difícil do que pensei, o início era muito rápido e com a mota de trial é impossível andar muito rápido.
Sem duvida que tive vantagem em muitos sítios com a mota de trial, mas para além de ser também bastante cansativo porque nunca nos podemos sentar, senti que em alguns sítios não é muito simples porque o facto de não me poder sentar e por os pés no chão para ajudar a fazer tração torna tudo mais difícil em certos sítios, principalmente em subidas, tem que ser tudo com técnica.
Além disso o trial é à base da precisão e tudo muito lento, ali foi o contrário, não importava como passar importava ser rápida!
Gostei bastante da experiência, no fundo é juntar o melhor de dois mundos.”
Uma semana depois do Hard Enduro, Rita Vieira estreou-se nos Rally Raids com uma Yamaha Ténéré 700…
“Tudo começou na quinta feira à noite quando fui buscar a Tenere700, sexta feira foi dia preparação da mota, preparação esta muito básica, que consistiu na montagem do roadbook, baixar as suspensões e a Yamaha Portugal já me tinha colocado um banco mais baixo e uma biela de suspensão mais comprida.
Para montar o roadbook foi relativamente simples, a verdade é que com um mecânico como o Pedro Almeida não há nada impossível, e acreditem fica sempre TUDO perfeito, confio a 200% no seu trabalho!
Já em Alcanena e com a mota prontíssima, fizemos as verificações, coloquei o roadbook na mota que agora já vem pintado e deixa-a em parque fechado.”
“O dia de sábado foi constituído por 250km. Nos primeiros kms confesso que foi muita informação, um roadbook, uma mota um tanto ou quanto pesado e bastante nevoeiro e chuva.
Mas sabia que tinha kms que chegue para me habituar e assim foi, foi incrível ir descobrindo a mota, ir descobrindo os limites e no fim dos 250km só queria continuar, estava mesmo a divertir-me e a aprender muito.
Apanhamos alguma pedra, lama e areia, esta última deixava-me um pouco preocupada no início mas percebi que a melhor opção era mesmo por em prática aquele velho ditado “na dúvida acelera” e resultou!
Terminado o primeiro dia com sucesso esperava-me o segundo.
O segundo dia eram cerca de 155km, um dia mais curto, com o tempo a ajudar e eu com mais horas em cima da Tenere 700.
Tinha tudo para correr ainda melhor, mas pus na cabeça que tinha que apanhar o rapaz que partiu à minha frente porque já me sentia muito mais confiante com a mota e claro que não resultou muito bem visto que ao km77 perdi-me um bocadinho!
Consegui tirar uma lição super importante quando se está a navegar: dar prioridade ao roadbook e só depois acelerar.
Ainda me perdi uma segunda vez já a acabar, o que resultou em minutos extra de penalização por falhar alguns waypoints.
Mas fiquei feliz pois eu e a minha Tenere chegamos ao fim e ilesas!
O que senti mais dificuldade em conduzir a Tenere foi curvar sentada (queria curvar como na minha WR) e nas travagens, devido ao peso a mota demora o dobro ou triplo do tempo a parar em relação à WR, apanhei uns sustos à conta disso, mas correu tudo bem!
Mas resumindo e concluindo, adorei a mota, adorei voltar a navegar com o roadbook e adorei passar o fim de semana naquele ambiente de corrida com um padock rodeado de pessoas 5 estrelas.”