Nas últimas cinco edições do Dakar, houve
cinco vencedores diferentes nas motos e os cinco estão de volta para disputar o
rali a partir do dia 1 de janeiro de 2022, juntamente com pilotos jovens que
vieram refrescar o plantel como Daniel Sanders, ou o norte-americano Skyker
Howes, que cumpre finalmente o sonho de se tornar piloto de fábrica com a
Husqvarna.
Todas as
condições estão reunidas para mais um rali eletrizante ao longo de 14 dias e 12
etapas. Num total 8177 quilómetros, 4258
deles cronometrados, menos 500 do que na edição anterior, a navegação volta ser
um factor-chave nesta 44ª edição, anunciada com mais dunas e especiais mais
curtas, portanto mais duro e, teoricamente, ainda mais competitiva. Como os
riscos aumentam todos os anos à medida que a reserva de talentos aumenta, os
organizadores a procurar conter as velocidades máximas, mantendo os roadbooks
apertados e resistentes, o que significa que a navegação é crucial. Com estes a
serem entregues digitalmente, não há hipótese de estudar e preparar – é uma
corrida de reflexo rápido e em tempo real.
Na lista de
favoritos, estão naturalmente os cinco vencedores das últimas cinco edições. O
argentino Kevin Benavides que deu o segundo triunfo à Honda em 2021 e alinha
agora com a KTM, marca que conta ainda com outros dois ex-vencedores, o
australiano Toby Price – o único dos cinco que subiu por duas vezes ao topo do
pódio no Dakar (2019 e 2016) e o austríaco Matthias Walkner que soma ao triunfo
de 2018 o título de campeão mundial de Cross-Country Rallies em 2021.
O
norte-americano da Honda Ricky Brabec, que quebrou a sequência vitoriosa da
rival KTM com o seu triunfo em 2020 e o britânico Sam Sunderland (vencedor em
2017) que se estreia em 2022 com a GasGas, completam o quinteto vencedor dos
últimos cinco anos. No entanto, há outros favoritos na Honda, como Joan Barreda
que vem perseguindo o sonho de vitória no rali Dakar desde 2011. O espanhol de
38 anos com 27 vitórias em etapas, é o piloto no ativo com maior sucesso nesse
ranking, apenas superado pelos franceses Stéphane Peterhansel e Cyril Despres, com 33 triunfos em etapa cada um. José
Ignacio Cornejo, é outro piloto da Honda é justo incluir na lista de favoritos.
O chileno de 27 anos venceu uma das etapas e liderou durante três dias o Rali
Dakar em 2021. Pablo Quintanilla que entre 2016 e 202 foi a figura de proa da
Husqvarna no rali, toma na 44ª edição o lugar deixado vago na Honda por Kevin
Benavides e com a moto vencedora das duas últimas edições o rápido chileno acha
que tem as condições reunidas para lutar pelo triunfo no mais difícil rali do
mundo.
Contra os
quatro pilotos da Honda, apenas um factor: a vontade íntrinseca da KTM em
voltar aos triunfos, com uma nova moto, com o vencedor do ano passado a
integrar a equipa e até com um convite de Norbert Schaudler para conselheiro da
formação a Marc Coma, prontamente aceite pelo espanhol que venceu por cinco vezes o rali com a marca
austríaca.
Há ainda outros candidatos e marcas à procura de brilhar no Dakar. Nos últimos anos, a Yamaha tornou-se uma séria candidata à vitória no Dakar, mas houve contratempos repetidas vezes. Em 2020, os principais pilotos abandonaram após acidentes e, no início deste ano, defeitos na moto causaram a desistência de todos os cinco pilotos. É mau demais, e por isso o esforço da Yamaha no Dakar 2022 irá concentrar-se em somente três pilotos, Adrien Van Beveren, Andrew Short e Ross Branch.
Tanto a GasGas, como a Sherco e Hero com os portugueses Rui Gonçalves e Joaquim Rodrigues, procuram também a sua oportunidade de brilhar nesta 44ª edição., nem que seja para atingir o top ten final.
E por fim um estreante famoso, Danilo Petrucci, o ex-piloto de MotoGP que trocou as pistas de asfalto pelas areias da Arábia Saudita. “Para mim o Dakar é como uma peregrinação para a moto, mal posso esperar para subir a moto e conduzir nas dunas e no deserto.”
Honda procura o hat-trick, KTM quer recuperar o troféu
Foi com a
passagem da América do Sul para a Arábia Saudita, que a KTM perdeu a hegemonia
de 18 vitórias consecutivas para a Honda. Primeiro, o norte-americano Ricky
Brabec (2020) e um ano depois o argentino Kevin Benavides, conseguiram arrebatar
o troféu que desde 2001 – o ano do triunfo de Fabrizio Meoni no
Paris-Dakar-Cairo – pretenceu de pleno direito à casa austríaca. Elevou-se
assim para sete as vitórias da Honda no rali, sendo assim a terceira marca mais
triunfadora, e aproximando-se assim dos nove triunfos da Yamaha, seis dos quais
garantidos por Stephane Peterhansel. Desde o primeiro Dakar de 1978, que durou
três semanas, os participantes de maior sucesso na categoria de motos vêm
principalmente de França. Stephane Peterhansel lidera as estatísticas das vitórias,
seguido por Cyril Despres e Cyril Neveu, cada um com cinco trunfos; o espanhol
Marc Coma também soma cinco vitórias no rali.
A chegada do
rali à Arábia Saudita foi ainda marcada por acidentes fatais. Em 2020 faleceu o
português Paulo Gonçalves, de 40 anos, após uma queda na oitava etapa, gerando
a consternação geral; Edwin Straver também não resitiu a uma queda na 11ª
etapa. O piloto holandês foi de pronto assistido por Mário Patrão que o tentou
reanimar, chamou a assistência médica da prova, mas o piloto ficou em morte
cerebral vindo a falecer poucos dias depois. Em 2021 o piloto privado Pierre
Cherpin, de 52 anos também pagou com a vida a sua paixão pelo rali. Toby Price,
que foi o primeiro não europeu a vencer o rali mais difícil do mundo com uma
KTM (2016, 2019) também não ganhou para o susto numa queda na nona etapa do último
Dakar, que obrigou o australiano a abandonar e a passar por três cirurgias
durante o ano.
146 motos, 50 estreantes e 4 mulheres
A 44ª edição
do Rally Dakar revela na lista de participantes em motos, um crescimento na ordem dos 35 por cento em
comparação com 2021. Enquanto a composição das equipas no Dakar 2022 era certa
há muito tempo, a lista provisória de
participantes, anunciada pela ASO, a entidade organizadora , revela muito mais motociclistas
inscritos. Por causa das medidas oficiais de combate à pandemia de Covid-19,
apenas 108 motos competiram no Dakar de 2021. Dos 146 pilotos incritos para a
próxima edição, um número surpreendente de 50 participantes vai ter a expriência
de viver a aventura do Dakar pela primeira vez. De facto, 33 pilotos participam
no evento ‘Original by Motul’. Nesse ranking, os pilotos estão por conta
própria e precisam consertar e fazer a manutenção das suas motos todos os dias.
São eles os mais sacrificados e não os pilotos de fábrica, que contudo são os
que mais arriscam pelos resultados.
Depois de
Laia Sanz mudar para um MINI, quatro mulheres lutam pelo título de melhor
concorrente feminina nesta 44ª edição do
rali. Na participação lusa há também uma baixa de peso: Sebastian Bühler,
fraturou a coxa enquanto se preparava em Abu-Dhab e vai estar ausente do
evento.
Pontos-chave do percurso
O prólogo no
1 de janeiro junto à cidade portuária de Jeddah terá 19 quilómetros, mas as
coisas só vão ficar sérias em Ha’il. Após a 6ª etapa, a comitiva do Dakar terá
um dia de descanso no dia 8 de janeiro em Riade, a capital da Arábia Saudita. A
essa altura, os pilotos já terão percorrido mais de 4.200 km sobre as suas
motos, dos quais quase 2.300 em especiais.
A 11ª etapa
será a chave da prova, com a especial mais dura e com mais areia e dunas, sendo
aí que pode ficar decidida a classificação, antes do rali regressar às margens
do Mar Vermelho.
A décima
segunda e última etapa está programada para 14 de janeiro, após 8177 km (4258
km a conta-relógio. A cerimónia do pódio acontece em Jeddah no mesmo dia, sendo
então proclamado o 43º vencedor do Dakar e não o 44º como seria normal, uma vez
que o rali de 2008 (Lisboa-Dakar) foi cancelado devido ao risco de terrorismo,
mudando-se então para a América do Sul, antes da vinda para a Arábia Saudita em
2020.
Nesta edição, as etapas maratona surgem logo na primeiro semana de prova, nas segunda e terceira etapas. Ao contrário do que aconteceu nas duas edições anteriores, o Crescente Vazio, um deserto na Arábia Saudita, não consta do percurso.
Todos os vencedores do Rally Dakar
1979 | Cyril Neveu | F. | Yamaha | Paris – Argel – Dakar |
1980 | Cyril Neveu | F. | Yamaha | Paris – Argel – Dakar |
1981 | Hubert Auriol | F. | BMW | Paris – Argel – Dakar |
1982 | Cyril Neveu | F. | Honda | Paris – Argel – Dakar |
1983 | Hubert Auriol | F. | BMW | Paris – Argel – Dakar |
1984 | Gaston Rahier | B. | BMW | Paris – Argel – Dakar |
1985 | Gaston Rahier | B. | BMW | Paris – Argel – Dakar |
1986 | Cyril Neveu | F. | Honda | Paris – Argel – Dakar |
1987 | Cyril Neveu | F. | Honda | Paris – Argel – Dakar |
1988 | Edi Orioli | EU. | Honda | Paris – Argel – Dakar |
1989 | Gilles Lalay | F. | Honda | Paris – Tunis – Dakar |
1990 | Edi Orioli | EU. | Cagiva | Paris – Tripoli – Dakar |
1991 | Stephane Peterhansel | F. | Yamaha | Paris – Tripoli – Dakar |
1992 | Stephane Peterhansel | F. | Yamaha | Paris – Sirt – Cidade do Cabo |
1993 | Stephane Peterhansel | F. | Yamaha | Paris – Tânger – Dakar |
1994 | Edi Orioli | EU. | Cagiva | Paris – Dakar – Paris |
1995 | Stephane Peterhansel | F. | Yamaha | Granada – Dakar |
1996 | Edi Orioli | EU. | Yamaha | Granada – Dakar |
1997 | Stephane Peterhansel | F. | Yamaha | Dakar – Agadez – Dakar |
1998 | Stephane Peterhansel | F. | Yamaha | Paris – Granada – Dakar |
1999 | Richard Sainct | F. | BMW | Granada – Dakar |
2000 | Richard Sainct | F. | BMW | Paris – Dakar – Cairo |
2001 | Fabrizio Meoni | EU. | KTM | Paris – Dakar – Cairo |
2002 | Fabrizio Meoni | EU. | KTM | Arras – Madrid – Dakar |
2003 | Richard Sainct | F. | KTM | Marselha – Sharm El Sheikh |
2004 | Nani Roma | E. | KTM | Clermont-Ferrand-Dakar |
2005 | Cyril Despres | F. | KTM | Barcelona – Dakar |
2006 | Marc Coma | E. | KTM | Lisboa – Dakar |
2007 | Cyril Despres | F. | KTM | Lisboa – Dakar |
2008 | cancelado | Lisboa – Dakar | ||
2009 | Marc Coma | E. | KTM | Buenos Aires – Valparaíso – Buenos Aires |
2010 | Cyril Despres | F. | KTM | Buenos Aires-Antofagasta-Buenos Aires |
2011 | Marc Coma | E. | KTM | Buenos Aires – Arica – Buenos Aires |
2012 | Cyril Despres | F. | KTM | Mar del Plata-Lima |
2013 | Cyril Despres | F. | KTM | Lima – Santiago do Chile |
2014 | Marc Coma | E. | KTM | Rosario – Valparaíso |
2015 | Marc Coma | E. | KTM | Buenos Aires – Iquique – Buenos Aires |
2016 | Toby Price | FORA | KTM | Buenos Aires – Rosario |
2017 | Sam Sunderland | GB | KTM | Assunção – Rio Cuarto – Buenos Aires |
2018 | Matthias Walkner | UMA. | KTM | Lima-La Paz-Córdoba |
2019 | Toby Price | FORA | KTM | Lima – Arequipa – Lima |
2020 | Ricky Brabec | EUA | Honda | Jeddah Riyadh Qiddiya |
2021 | Kevin Benavides | ARG | Honda | Jeddah-Ha’il-Jeddah |